terça-feira, 21 de abril de 2009

Build the moon


Give me warning
Give me a clue
Tell me anything
As long as it's true

Give me heartache
Tha's what you do
Tell me you want me
I'm sick of being used

I'll send my heart to you
But you never care
You never do

So build me your bridges
Build me the moon
Tell me you love me
Tell me you love me soon
You didn't know
That I cry
In my room
Every night

Maybe it's not
'Cause of you
But it'd be easier
If you needed me too

I send my heart to you
But you never care
You never do

So build me your bridges
Build me the moon
Tell me you love me
Tell me you love me soon

I cannot stop
I cannot smile
I know we weren't meant to be
But I want you here with me

So build me your bridges
Build me the moon
Tell me you love me
Tell me you love me soon


Build the moon- Charlotte Sometimes

terça-feira, 14 de abril de 2009

O tempo passa


O tempo passa. Não pára. Nunca. Tudo o que já foi meu ou até mesmo o que nunca chegou a ser volta e entra na minha vida sem qualquer pedido de licença. E eu que já não choro. Nem mesmo quando me fizeste acreditar que me querias e te despediste na semana seguinte. Esgotei todas as minhas lágrimas quando o João partiu. Era demasiado inocente para perceber que não voltava. Todos os fins-de-semana vem buscar os miúdos. Recomendo-lhe que os traga a tempo do jantar de domingo. Não tive ainda coragem de o convidar para ficar connosco. A camisola vermelha que usava quando o Bernardo nasceu nunca saiu do armário. Mas eu já não choro. Nem mesmo quando ele me disse que a minha mesquinhez o irritava e que eu devia ser mais independente. É sexta-feira. Vem buscar o Bernardo e a Maria às 19h em ponto. Pontual sempre foi. Saio às 18h. Passo na escola das crianças e abraço-as assim que as vejo. A Maria vem sorridente e vai lançando piadas para animar o Bernardo que se magoou no treino. À chegada a casa ainda lanço o meu olhar à sala na esperança de encontrar o João a assistir aos jogos da NBA enquanto chama o Bernardo para ver o incrível afundanço do jogador de 2m10. Não está lá. Há cerca de dois anos. Desde essa altura que não choro. A Maria ainda não parou de lançar piadas. Herdou do João o bom humor. Já o Bernardo salta-me para o colo de cada vez que alguém tenta fazer piadas sobre ele. A insegurança legou da mãe. Ouço o som de uma buzina e confirmo pela janela da cozinha se é o carro do João. Coloco-lhes as mochilas e despeço-me dizendo que vou ter saudades. “Portem-se bem”. Avisto-os entrar no automóvel onde outrora viajávamos e cantávamos juntos. É sábado e vou às compras. Continuo a trazer as bolachas que o João tanto gostava. Cheguei a acumular uma dúzia deles na esperança que ele um dia, quando voltasse, os devorasse. Mas eu já devia saber que ele não ia voltar. Domingo. 20h e desta vez é a campainha a soar. A Maria vem a correr, ansiosa por contar as novidades e aventuras do fim-de-semana. O Bernardo, com quatro anos apenas, agarra-me o pescoço e diz que teve saudades. Enquanto deito a Maria e ela fala e fala e fala, ele acaba por adormecer no meu colo. Esta noite ocupa o lugar do João na minha cama e coloca a mão por cima da almofada tal qual ele fazia. Amanhã é segunda-feira. O tempo passa. Não pára. O João não volta. E eu não choro.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Bailado


Há dias em que sou só uma bailarina perdida no tempo. Faço acrobacias complexas, executo piruetas perfeitas e nem assim. Nem assim me olhas com outro carinho e admiração. Devo confessar que isso já não me afecta tanto quanto seria suposto. Entre quedas aparatosas e vénias sorridentes, experimento de tudo um pouco. Vivo do aplauso proveniente do rapazinho sentado na ponta esquerda da sala. Por vezes nem o sinto. Falhei apenas um passo. Na sessão seguinte, encho-me de tudo um pouco. Para além do pó de arroz e da volumosa saia de tule, volto a vestir o sorriso e faço dele a minha ambição. No último espectáculo, de uma forma bastante tranquila levantaste-te e ficaste a aplaudir-me durante todo o tempo que conseguiste. À saída esperavas-me e enquanto eu me concentrava para ouvir a tua crítica que estava a prever, abraçaste-me com toda a força de que dispunhas. Nunca te havia sentido assim. Tão próximo. Tão compreensivo. E eu que tinha falhado naquele dia. Mas tu perdoaste todas as vezes em que o tinha feito e estavas a dar-me a oportunidade de começar de novo. A solo. Sem medos ou algo que turvasse o que havia entre nós. Foi então que percebi. Já íamos no segundo abraço e eu começava a habituar-me. Hoje, a casa está cheia. Eu voltei a vestir a volumosa saia de tule e exagerei no pó de arroz. As cortinas abriram-se e, do lado esquerdo da sala estavam apenas pessoas cujo tempo já havia passado por elas. Nem sinais de ti. Os abraços não eram perdão. Eram a despedida. Estavas a deixar o que nunca quiseste. E eu só podia continuar a rodopiar enquanto sorria. Pelo menos até ao cair do pano.